terça-feira, agosto 31, 2004

 

Etapa Jaca/Sangüesa por David Neves

Sanguesa, 2 de Agosto de 2002
Saímos cedo do albergue , rapidamente nos organizamos e se definiu que ia no apoio. Eu estava um pouco cansado por ter feito todas as etapas de ontem, por isso, decidi não fazer a primeira etapa de hoje.
A Sónia, a Ângela e o Sena iam-se afastando e eu, o meu pai e a Tânia arrumava-mos os sacos no Jipe e tentava-mos abandonar Jaca o mais depressa possível. Estava um frio “do caraças” e à medida que nos afastávamos as montanhas de Jaca diminuíam.
Cansado como estava, por me ter deitado tarde e levantado muito cedo, adormeci no banco de trás do jipe mesmo com a Tânia a conduzir (a Tânia tirou a carta à pouco tempo e por isso faz umas travagens um pouco bruscas).
Para o almoço tínhamos carne para grelhar, que é uma refeição verdadeiramente luxuosa nos caminhos de Santiago! Quando chegamos a Mianos, uma das muitas terrinhas pequenas no caminho para Sangüesa que era o ponto de encontro no fim da primeira etapa e o sitio que escolhemos para almoçar, procuramos um sitio calmo junto ao rio onde se pudesse comer bem e sem a irritante presença das moscas. Acabamos por comer no próprio leito do rio que procurávamos, pois o rio tinha secado.
Fui apanhar lenha enquanto a Tânia preparava a salada e o meu pai temperava a carne.
Eles demoraram bastante tempo a chegar pois não davam com o sitio onde estávamos a preparar o almoço, quem imaginaria no leito de um rio!
Na segunda etapa passamos por uma aldeia que tinha “parado no tempo”. Ao longe avistavam-se duas torres de um castelo medieval e à medida que nos aproximava-mos viam-se casas e casas em ruínas ou simplesmente abandonadas. Entramos numa tasquinha onde se podia ouvir música celta, a empregada usava boina e roupa bastante própria de uma época distante dos nossos dias.
Eu e o Sena adiantamo-nos, mas quando chegamos ao albergue já estava cheio. Procuramos então um parque de campismo onde pudesse-mos montar as tendas.
As horas passavam e eles não chegavam, o que poderia ter acontecido?..., Porque demoravam tanto?....
À medida que o tempo passava aumentava a nossa preocupação e o Sena de 5 em 5 minutos berrava para o intercomunicador: “- Escuto Neves, escuto!...”, “Se me ouves diz qualquer coisa!...”. Andava para trás e para a frente e até eu que estava a achar normal a demora também me deixei contaminar pelo nervoso miudinho.
O sol já se tinha posto e a noite começava a aparecer, começou a arrefecer. Disse ao Sena que não me importava de ficar á espera deles sozinho, e ele foi vestir um agasalho. Já passava das 9h :30 min lá estava eu sentado no lancil do passeio a ver se eles chegavam para dizer que estávamos no parque de campismo.
Finalmente! Suspirei entre dentes. Eles haviam chegado.
Numa mesa feita com três barrotes ao pé de uma torneira rodeada de lama e à luz de um candeeiro a gás, foi onde fizemos o jantar. Arroz de pescada e uns camarões microscópicos, isto tudo feito com um fogão de campismo com um bico pequeníssimo em cima de uma panela de ferro com o diâmetro de uma roda de carro.
Acabamos de comer, lavar a louça e preparar as coisas para o dia seguinte eram 24h : 00 min e fui-me deitar depois de dar umas “palavrinhas” à minha mãe na cabina.
Embrulhei-me todo no saco de cama, mas ainda tive tempo de ler o 39º capitulo do meu livro, ainda antes de dormir pensei como seria o dia seguinte e todos os próximos que ainda haviam de vir.

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